Um pouco mais

“Quem espera sempre alcança”! É o que nos ensina a sabedoria das ruas.

Esperar não é uma das maiores virtudes da nossa época. Nós criamos a sociedade do imediatismo. A pressa neurótica adoeceu nossa existência. Tudo é muito rápido, automático, instantâneo. Nossa geração não sabe esperar.

Não obstante a nossa pressa, da vida tem seu ritmo próprio, como um rio que espera é mais que uma virtude, é uma arte também. Como tal, pode e deve ser aprendida.

Na trajetória entre o desejo e a realização, quatro características da arte de saber esperar devem estar presentes em nós, como atitudes indispensáveis.

A primeira delas é a clareza. Saber o que se quer, claramente é o primeiro passo para qualquer conquista na vida. Perseguimos sonhos e não fantasma da imaginação. Isso é verdade para todas as áreas da nossa existência. Lembro-me da pergunta de Jesus a um cego, segundo nos narra as Escrituras: “Que queres que Eu te faca”? Ao que ele respondeu: - “Quero ver”! E logo, o milagre aconteceu.

A segunda característica inerente à espera é a paciência. O tempo seu próprio compasso. Dia e noite se alternam, desde que o mundo é mundo. Quem quiser ver o sol se por, tem que ter paciência e esperar o entardecer. O sol jamais se põe ao meio dia. “Devagar se vai ao longe”, diz o dito popular. Tudo na vida tem o seu tempo. E o melhor, Deus tem um tempo para tudo. A paciência é a arte de esperar pelo tempo de Deus.

Muitas vezes, a paciência é nutrida pelas lágrimas e pela dor. A sabedoria bíblica também nos adverte: “O pranto pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Por isso, muitas mães que passam a noite chorando pelos filhos estão convictas de que algum dia, após uma noite de pranto, contemplará um alvorecer vitorioso.

Uma outra característica da arte de saber esperar é a perseverança. Esperar não é deitar em berço esplendido e “deixar” que as coisas aconteçam. Nada nos cai pronto do céu. Nem mesmo a salvação. Perseverar é caminhar, determinadamente, sob sol e chuva; brisa e calor. È colocar-se na estrada da vida, como quem dirige um carro sem marcha ré. Quem persevera não desiste por causa dos obstáculos – vai em frente, e vence.

Enfim, uma última característica: os fundamentos. Ninguém espera nada ao sabor dos ventos. É preciso fundamentar a espera em uma base que seja maior que nossa limitude. Mais preciso que nossas imprecisões; mais constantes que as nossas instabilidades. Deus deve ser o fundamento de toda a nossa espera. “Daí, o Apóstolo Paulo afirma”: “Tudo posso naquele que me fortalece” e David, o salmista, proclama: “Esperei com paciência no Senhor e Ele ouviu o meu clamor”.

Saber esperar é, pois, condição de vitória.